Wednesday, February 21, 2007

CAMPANHA NÃO A FOSFATEIRA DE ANITÁPOLIS - FASE DECISIVA

Recentemente fui até Foz do Iguaçu, atravessando o estado do Paraná de leste a oeste. Ao longo desta estrada pude ver na prática o que tenho mostrado a vocês através das imagens do Google Earth. A agroindústria transformou a paisagem em uma monotonia de monoculturas, predominando o soja e o milho.

A paisagem nos dois lados da estrada era constituída basicamente de monoculturas que iam até onde os olhos podiam ver, se perdendo no horizonte. A vegetação nativa foi tomada pelas monoculturas sem cumprir o código florestal que prevê reservas legais em propriedades rurais.

O oeste do Paraná foi colonizado por uma leva de imigrantes, muitos descendentes de granjeiros gaúchos que plantavam soja nos anos 70. Lembro de uma visita que fiz a Cruz Alta onde vivia um grande plantador de soja que derrubava todas as matas nativas, mesmo nas bordas dos riachos com o objetivo de obter o maior lucro possível nas próximas safras. Esta prática de secar riachos acabou trazendo problemas sérios de abastecimento de água. Muitos plantadores industriais perderam suas lavouras devido a secas.

Voltando ao Paraná, tudo que se vê é uma paisagem sem manchas de florestas nativas significativas e as poucas existentes estão em lamentável estado de degradação, devido a retirada de lenha e ao próprio uso da área.

Cidades prosperas como Cascavel enchem os olhos com sua pujança. Uma pergunta paira no ar ao vermos as grandes extensões do soja e do milho plantados. Estas grandes propriedades são altamente mecanizadas, ocupando poucos e especializados trabalhadores. Ode estariam os antigos proprietários das pequenas propriedades que hoje foram engolidos pelas grandes propriedades agroindustriais?

A maioria dos peões de obras em Florianópolis, Joinville e Curitiba são oriundos do oeste do Paraná e Santa Catarina – igualmente ocupada pelas grandes granjas agroindustriais. Olhando por um lado, vemos que a agroindústria está trazendo lucros a poucas famílias enquanto que uma parcela maior de pessoas acabou saindo de suas terras, causando o êxodo rural.

Centenas de pessoas miseráveis vendiam refrigerantes e balas na beira da estrada proximo a Cascavel. Uma destas pessoas desabafou que "O PARANA TEM TUDO, MAS NÃO TEM EMPREGOS".

Sabemos que mais de 70% da comida que chega as nossas mesas veio da agricultura familiar. Estas mesmas pessoas recebem uma fração muito pequena de incentivos comparativamente aos agroindustriais. Isto é um contracenso em termos do momento critico que estamos vivendo. Muito das mudanças climáticas tem sido associadas ao mau uso da terra, com suas queimadas e a destruição das massas florestais.

Estamos destruindo nossos rios, destruindo nossas florestas e com isso indo contra a corrente internacional que começa a buscar mudanças econômicas para reduzir nosso impacto sobre a terra e nosso clima.

O Projeto Anitápolis está lutando pelo licenciamento ambiental para a exploração da jazida de fosfato em Anitápolis. Além de colocar toda a bacia do Rio Braço do Norte em risco com eventuais acidentes e catástrofes com rompimento de barragem de rejeito e liberação de metais pesados como Cádmium e urânio nos rios e no solo, este projeto utilisará lenha das matas vizinhas. Desta forma, o Projeto Anitápolis é mais um exemplo de uma estratégia de ganho econômico rápido e irresponsável.

Serra do Rio do Pinheiro coberta pela luxuriante floresta que será destruida com o Projeto Anitápolis

O fosfato produzido na fosfateira de Anitápolis irá abastecer de fertilizantes as monoculturas do soja e outras trazendo lucros a poucos em detrimento de muitos que ingressam na miséria ano após ano vindo a aumentar os cordões da miséria em grandes centros.

O Projeto Anitápolis devia é alterar seu foco da fosfateira ao incentivo e capacitação da agricultura familiar – que é muito praticada na região de Anitápolis e Santa Rosa de Lima.

DIGA NÃO A FOSFATEIRA

SIM AO CORREDOR ECOLÓGICO

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