Monday, June 04, 2007

MIOPIA, OU FALTA DE VISÃO NO GOVERNO CATARINENSE E BRASILEIRO

As noticias sobre o aquecimento global e sobre o que poderiamos fazer para conter esta ameaça ao futuro de nosso planeta e consequentemente nossa estada no próprio tem passado meio que muito suavemente pelos sentidos de nossos governantes.

Em Santa Catarina, onde o Governador Luiz Henrique tem esbravejado contra ambientalistas, as derrubadas seguem a olhos vistos, basta uma saida de carro pelas nossas estradas para vermos os resultados desta politica anti conservação.

Curiosamente, estados como a Bahia, onde o historico politico aparentemente indicaria outro rumo, encontramos um dos maiores contingentes de proprietarios rurais com RPPNs ao ponto de ser um referencial ao movimento pro criação de reservas particulares de preservação da natureza. A Bahia conta com o ICMS ecológico e incentiva a criação destas reservas particulares.

A Santa e bela Catarina, ao contrário do que diz seu slogam, tem lutado com unhas e dentes contra atividades como a observada na Bahia, Pará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais. Existe um movimento levado a frente por algums proprietarios rurais que estabeleceram RPPNs em suas propriedades - verdadeiros herois estas pessoas. O Governo do estado de Santa Catarina não tem demonstrado boa vontade para a criação do ICMS ecológico, nem para a criação da RPPN estadual. Ao contrário, o atual governador tem seguido a risca antigos preceitos da politica catarinense contrária a conservação, como o foi na apresentação do Decreto Presidencial 750 para a conservação da Mata Atlântica.

Ironicamente, Santa Catarina diz que tem vocação para o turismo, mas permite atos que levam a destruição do nosso patrimônio natural - justamente o principal atrativo aos turistas. Um exemplo desta politica é o eficiente e elusivo lobby movido pelo governo estadual para o licenciamento da fosfateira da Bunge em Anitápolis que, caso seja licenciada, irá destruir uma das mais lindas paisagens no Corredor da Serra Geral.

A alegação do nosso ilustre governador é o velho adágio da geração de empregos. Este tipo de alegação faz pensarmos que nossos governantes tem o dom da transmutação. Autorizando e licenciando o funcionamento de uma fosfateira como a da Bunge em Anitápolis teremos uma rápida destruição de fontes que geram os atuais empregos e fixam os moradores rurais dos municipios do sopés da Serra Geral que vivem da agricultura familiar e do turismo rural. O raciocio dos empreendedores e defendido pelo governador do estado é que a fosfateira geraria automaticamente 700 empregos na região. Não sei se a conta foi bem feita, mas sei que estariamos eliminando um numero superior a 700 empregos e provocando mais um exodo rural em Anitápolis.

Parece que nossos governantes não acompanham o noticiario sobre os ganhos que uma floresta pode render. O Banco Mundial está com um programa para diminuir as emissões de carbono. Batizado de Fundo Conjunto para Carbono das Florestas (FCCP), a iniciativa do Banco Mundial (Bird) será uma experiência para estabelecer as bases de um mercado futuro de emissões por desmatamento, que deve ser criado no próximo acordo de combate ao aquecimento global. Até 2012, o Bird e outras instituições (como o Global Environment Fund – GEF) vão investir 200 milhões de dólares em projetos pilotos de conservação que poderão, caso o desmatamento, de fato, ingresse no mercado de carbono, gerar créditos a serem vendidos para os países industrializados . Atualmente, apenas projetos nos setores de energia e reflorestamento podem gerar compensações de emissão de gases estufa. A partir de 2014, o banco espera reunir 1 bilhão de dólares para os projetos.

Sim, as florestas conservadas podem gerar dividendos dentro do mercado dos crétidos do carbono. Mas nossos dirigentes insistem em continuar com os desmatamentos. A preservação de vegetação nativa ( sua destruição é responsável por 20% das emissões de gases estufa em todo o planeta) pela primeira vez vai gerar créditos de carbono.

Nossos governantes tem sido coniventes com o desrespeito ao Código Florestal que exige o estabelecimento de reservas legais nas propriedades. A agroindustria tem rapidamente destruido a cobertura florestal. Os agorindustriais aumentam suas áreas plantadas e nada deixam de reserva legal. Isto é nitido ao viajarmos e vermos lavouras de soja que se extendem até o horizonte, sem nenhuma reserva legal mantida na propriedade.

Vivemos em um pais de contradições, mas um pais que detém uma das maiores biodiversidades no planeta, que nossos governantes não a valorizam, pelo contrário, vem esta dádiva como um obstáculo ao seu modelo de crescimento, modelo que está levando o pais a perdas irreversiveis de solo, de paisagens e de vida.

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