A Bunge-Yara em seus esforços pelo licenciamento ambiental da exploração da jazida de fosfato em Anitapolis vem desde um bom tempo utilizando a velha retórica da oferta de novos empregos como um atrativo. Para uma cidade que vem penando com a evasão rural crescente de seus moradores e com problemas sociais decorrentes de administrações ineficientes por décadas, as oportunidades oferecidas pelos investidores do grupo Bunge e Yara são realmente uma tentação especial.
A questão do emprego como um passaporte ao licenciamento ambiental de um empreendimento precisa ser debatida. Por que? Vivemos ondas de ofertas e carência de empregos em nosso pais e no mundo. Isto é normal em grandes centros. Já em cidades isoladas, pequenas e esquecidas a situação pode ser bem critica. Mas isto pode ser uma questão de angulo de visão. Como assim? Vejamos o seguinte: Para um morador de uma grande cidade, os custos de vida são grandes, a começar pelo aluguel de uma moradia. Para o morador rural, muitas vezes ele tem seu pedaço de terra e sua casa própria. O morador da cidade precisa comprar sua comida em mercados. O residente rural pode plantar e criar em seu pequeno terreno e obter o suficiente para o seu sustento.
Em termos de emprego, o morador da cidade necessita sempre de uma atividade remunerada para pagar suas contas, enquanto que o morador do campo os custos de manutenção são mais baixos. O homem do campo pode vender parte de sua produção e obter algum dinheiro. Sabemos que a coisa não é tão carteziana assim, mas com certeza uma família rural com casa própria e lugar para plantar e criar par o seu sustento básico vive menos dificuldades que seu colega urbano.
A situação é critica em uma cidade do interior que vive da terra porque é necessário saber manejar bem o terreno. Terreno na área rural mal administrado é como uma empresa mal gerenciada – a falência está a um passo. Apesar da existência de muitos órgãos de fomento e capacitação de pessoas no campo, o que vemos em geral é um grande empobrecimento e uma perda literal das propriedades.
Desmatamentos desnecessários, perda de solo, erosão e pobreza são constantes. Isto é gritante no sopé da Serra Geral, particularmente em Grão Pará e municípios vizinhos, onde a população rural está explorando o carvão vegetal. Grandes áreas de floresta atlântica ombrófila densa estão sendo desmatadas para lenha e carvão. Fornos de carvão são onipresentes nas propriedades e seus moradores loiros são tingidos de negro no processamento do carvão vegetal. São imagens que lembram muito as fotos de Sebastião Salgado das crianças escravas que vivem fazendo carvão em Minas Gerais, com a diferença que em Santa Catarina não se trata de um trabalho escravo, mas sim um passaporte a miséria.
Após o desmatamento, a floresta ombrofila densa é substituída por plantações de Pinus e Eucalipto. O reflorestamento não é errado, mas sim a execução deste sobre grandes áreas cobertas por exuberante floresta ombrofila densa. Já existem grandes áreas de campo na mesma área que poderiam ser utilizadas no reflorestamento. O descumprimento da lei florestal que exige a reserva legal é geral na região, assim como a violação ao Decreto 760 da Mata Atlantica que coíbe o desmatamento de matas nativas.
O visto acima é um belo exemplo do mau uso da terra e de uma administração errônea e sem visão de futuro. Os moradores loiros cobertos de carvão estão na miséria e sem perspectivas de futuro. Parafraseando o grande Chico Buarque de Holanda, o menino pegou o machado “como se fosse o ultimo.” Possivelmente seria sua ultima oportunidade de oficio antes de ingressar na miséria.
Seria possível uma mudança? Em tempos de eleições tudo sempre é possível, mas em tempos normais precisaríamos de programas de capacitação em gerenciamento de pequenas propriedades. Já existem? Então por que ao andarmos pelo nosso interior somente continuamos a ver as propriedades em decadência e o ecossistema em uma destruição sem lógica alguma? Precisaríamos levar estes programas até o homem do campo.
Com todos estes revezes, a chegada de um grupo internacional como o Bunge-Yara com todo um marketing e estratégias de ações, não há gerenciador publico que não fique tentado. São muitas centenas de empregos e muito mais no imaginário popular em uma cidade como Anitapolis. Seria um passo para a globalização e a tudo o que esta pode oferecer ao morador.
A agricultura familiar que emprega 80 % da mao de obra no campo e produz 60% da alimentação consumida pela familia brasileira não recebe recursos suficiente, causa um impacto ambiental menor que o agronegocio industrial de exportação que é o oposto e recebe uma atenção financeira muito maior.
Caso o Grupo Bunge/Yara surgisse com um programa modelo para pequenos proprietários rurais com atividades de baixo impacto ambiental e grande perspectiva de exportação e geração de renda, tudo seria diferente.
Por que? A região de Anitapolis e Santa Rosa de Lima é um dos maiores palcos da agroecologia nacional. A Agreco em Santa Rosa de Lima é referencia nacional. A agricultora orgânica é comprovadamente uma atividade rural de baixo impacto ambiental e de grande atrativo econômico. Caso a Agreco e outros grupos de agricultores orgânicos na região tivessem um programa de distribuição de sua produção mais eficiente e moderno, mercados mais distantes poderiam ser abastecidos e mais renda gerada a região.
Agora a proposta de exploração da jazida de fosfato em Anitapolis trará mais benefícios aos investidores estrangeiros que aos residentes do município. A Yara já alardeia em seu site a produção de fostato em grande quantidade em Anitapolis a baixo custo. Vejam só, eles falam em lucro a baixo custo. Como intepretar isso? Anitapolis fica com alguns empregos de baixo salário e com grande custo ambiental, de saúde e hídrico, enquanto que os investidores tem grande quantidade de fosfato para suprir as demandas de fertilizantes ao soja no Brasil e no exterior.
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O Soja esta sendo plantado hoje na Amazônia causando um desmatamento sem precedentes, associado ao derrame de agrotóxicos em grande quantidade em um ecossistema florestal sensível e não apropriado para este tipo de agronegocio. Graças ao ativismo sem fronteiras do Greenpeace um embargo internacional ao soja produzido na Amazônia as custas da destruição da floresta está fazendo com que o mundo olhe com um olhar mais critico a este problema.
O fosfato que irá ser produzido em Anitapolis poderá alimentar mais ainda a expansão do soja na Amazônia.
No entanto, os lucros para as empresas ligadas a exploração do fosfato em Anitapolis não tem alguma parte destinada a um seguro que cubra os custos com a reparação dos danos ambientais produzidos com o processamento do fosfato.
A poluição por selênio, metais pesados, a chuva acida, a poluição atmosférica, a contaminação dos lençóis freáticos e o comprometimento das nascentes do Rio Braço do Norte não foram mencionadas aos moradores de Anitapolis, ou aos catarinenses. Os jornais apenas falam nas muitas centenas de milhões de dólares a serem investidos na jazida de fosfato em Anitapolis. Os jornais não mencionam ainda que parte do investimento será as custas do próprio dinheiro de Santa Catarina, nem quem arcará com as despesas com a restauração ambiental e saúde publica serão nós - OS CONTRIBUINTES.
Finalizando, as ofertas de empregos onde os trabalhadores estarão ainda sendo expostos a riscos de saúde muito sérios que gerarão mais custos médicos ao governo estadual e federal desequilibram a balança comercial.
Sim, Anitapolis e Santa Catarina perde mais que ganha com a exploração do fosfato em Anitapolis. Hoje são os lucros com a exportação do fosfato, mas ainda hoje mesmo estaremos em divida com o meio ambiente, com a saúde das pessoas e com o futuro de uma região que poderia experimentar alternativas mais perenes e com menores custos as pessoas e a Natureza.
A questão do emprego como um passaporte ao licenciamento ambiental de um empreendimento precisa ser debatida. Por que? Vivemos ondas de ofertas e carência de empregos em nosso pais e no mundo. Isto é normal em grandes centros. Já em cidades isoladas, pequenas e esquecidas a situação pode ser bem critica. Mas isto pode ser uma questão de angulo de visão. Como assim? Vejamos o seguinte: Para um morador de uma grande cidade, os custos de vida são grandes, a começar pelo aluguel de uma moradia. Para o morador rural, muitas vezes ele tem seu pedaço de terra e sua casa própria. O morador da cidade precisa comprar sua comida em mercados. O residente rural pode plantar e criar em seu pequeno terreno e obter o suficiente para o seu sustento.
Em termos de emprego, o morador da cidade necessita sempre de uma atividade remunerada para pagar suas contas, enquanto que o morador do campo os custos de manutenção são mais baixos. O homem do campo pode vender parte de sua produção e obter algum dinheiro. Sabemos que a coisa não é tão carteziana assim, mas com certeza uma família rural com casa própria e lugar para plantar e criar par o seu sustento básico vive menos dificuldades que seu colega urbano.
A situação é critica em uma cidade do interior que vive da terra porque é necessário saber manejar bem o terreno. Terreno na área rural mal administrado é como uma empresa mal gerenciada – a falência está a um passo. Apesar da existência de muitos órgãos de fomento e capacitação de pessoas no campo, o que vemos em geral é um grande empobrecimento e uma perda literal das propriedades.
Desmatamentos desnecessários, perda de solo, erosão e pobreza são constantes. Isto é gritante no sopé da Serra Geral, particularmente em Grão Pará e municípios vizinhos, onde a população rural está explorando o carvão vegetal. Grandes áreas de floresta atlântica ombrófila densa estão sendo desmatadas para lenha e carvão. Fornos de carvão são onipresentes nas propriedades e seus moradores loiros são tingidos de negro no processamento do carvão vegetal. São imagens que lembram muito as fotos de Sebastião Salgado das crianças escravas que vivem fazendo carvão em Minas Gerais, com a diferença que em Santa Catarina não se trata de um trabalho escravo, mas sim um passaporte a miséria.
Após o desmatamento, a floresta ombrofila densa é substituída por plantações de Pinus e Eucalipto. O reflorestamento não é errado, mas sim a execução deste sobre grandes áreas cobertas por exuberante floresta ombrofila densa. Já existem grandes áreas de campo na mesma área que poderiam ser utilizadas no reflorestamento. O descumprimento da lei florestal que exige a reserva legal é geral na região, assim como a violação ao Decreto 760 da Mata Atlantica que coíbe o desmatamento de matas nativas.
O visto acima é um belo exemplo do mau uso da terra e de uma administração errônea e sem visão de futuro. Os moradores loiros cobertos de carvão estão na miséria e sem perspectivas de futuro. Parafraseando o grande Chico Buarque de Holanda, o menino pegou o machado “como se fosse o ultimo.” Possivelmente seria sua ultima oportunidade de oficio antes de ingressar na miséria.
Seria possível uma mudança? Em tempos de eleições tudo sempre é possível, mas em tempos normais precisaríamos de programas de capacitação em gerenciamento de pequenas propriedades. Já existem? Então por que ao andarmos pelo nosso interior somente continuamos a ver as propriedades em decadência e o ecossistema em uma destruição sem lógica alguma? Precisaríamos levar estes programas até o homem do campo.
Com todos estes revezes, a chegada de um grupo internacional como o Bunge-Yara com todo um marketing e estratégias de ações, não há gerenciador publico que não fique tentado. São muitas centenas de empregos e muito mais no imaginário popular em uma cidade como Anitapolis. Seria um passo para a globalização e a tudo o que esta pode oferecer ao morador.
A agricultura familiar que emprega 80 % da mao de obra no campo e produz 60% da alimentação consumida pela familia brasileira não recebe recursos suficiente, causa um impacto ambiental menor que o agronegocio industrial de exportação que é o oposto e recebe uma atenção financeira muito maior.
Caso o Grupo Bunge/Yara surgisse com um programa modelo para pequenos proprietários rurais com atividades de baixo impacto ambiental e grande perspectiva de exportação e geração de renda, tudo seria diferente.
Por que? A região de Anitapolis e Santa Rosa de Lima é um dos maiores palcos da agroecologia nacional. A Agreco em Santa Rosa de Lima é referencia nacional. A agricultora orgânica é comprovadamente uma atividade rural de baixo impacto ambiental e de grande atrativo econômico. Caso a Agreco e outros grupos de agricultores orgânicos na região tivessem um programa de distribuição de sua produção mais eficiente e moderno, mercados mais distantes poderiam ser abastecidos e mais renda gerada a região.
Agora a proposta de exploração da jazida de fosfato em Anitapolis trará mais benefícios aos investidores estrangeiros que aos residentes do município. A Yara já alardeia em seu site a produção de fostato em grande quantidade em Anitapolis a baixo custo. Vejam só, eles falam em lucro a baixo custo. Como intepretar isso? Anitapolis fica com alguns empregos de baixo salário e com grande custo ambiental, de saúde e hídrico, enquanto que os investidores tem grande quantidade de fosfato para suprir as demandas de fertilizantes ao soja no Brasil e no exterior.
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O Soja esta sendo plantado hoje na Amazônia causando um desmatamento sem precedentes, associado ao derrame de agrotóxicos em grande quantidade em um ecossistema florestal sensível e não apropriado para este tipo de agronegocio. Graças ao ativismo sem fronteiras do Greenpeace um embargo internacional ao soja produzido na Amazônia as custas da destruição da floresta está fazendo com que o mundo olhe com um olhar mais critico a este problema.
O fosfato que irá ser produzido em Anitapolis poderá alimentar mais ainda a expansão do soja na Amazônia.
No entanto, os lucros para as empresas ligadas a exploração do fosfato em Anitapolis não tem alguma parte destinada a um seguro que cubra os custos com a reparação dos danos ambientais produzidos com o processamento do fosfato.
A poluição por selênio, metais pesados, a chuva acida, a poluição atmosférica, a contaminação dos lençóis freáticos e o comprometimento das nascentes do Rio Braço do Norte não foram mencionadas aos moradores de Anitapolis, ou aos catarinenses. Os jornais apenas falam nas muitas centenas de milhões de dólares a serem investidos na jazida de fosfato em Anitapolis. Os jornais não mencionam ainda que parte do investimento será as custas do próprio dinheiro de Santa Catarina, nem quem arcará com as despesas com a restauração ambiental e saúde publica serão nós - OS CONTRIBUINTES.
Finalizando, as ofertas de empregos onde os trabalhadores estarão ainda sendo expostos a riscos de saúde muito sérios que gerarão mais custos médicos ao governo estadual e federal desequilibram a balança comercial.
Sim, Anitapolis e Santa Catarina perde mais que ganha com a exploração do fosfato em Anitapolis. Hoje são os lucros com a exportação do fosfato, mas ainda hoje mesmo estaremos em divida com o meio ambiente, com a saúde das pessoas e com o futuro de uma região que poderia experimentar alternativas mais perenes e com menores custos as pessoas e a Natureza.
1 comment:
Ola, achei muito interessante o teu blog...achei por acaso...meus pais nasceram em Anitapolis e eles ainda possuem um sitio la. Estou muito preocupada com a possibilidade de realmente iniciarem as atividades de extraçao de fosfsto naquela regiao tao linda. Seara totalmente destruida. Tem chances de este horror nao acontecer? Eu moro na Italia, mas todas as vezes que retorno a Floripa, vou até Anitapolis e Rio dos Pinheiros para ver a natureza. Bom trabalho e um abraço. Visite os meus blogs...
http://blog.libero.it/taniarocha/
rochatania@libero.it
Ciao
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