Thursday, August 17, 2006

FATOS SOBRE O FOSFATO EM ANITAPOLIS

Anitapolis é mais conhecida atualmente pelo grande êxodo rural sofrido nas últimas décadas. Ser assim conhecido não é nada elogiável, pelo contrario, levanta muitas perguntas sobre o por que disso.

Por outro lado o êxodo em Anitapolis pode ser visto como uma forma de exportação de talentos. Recebi um comentário da Tânia Rocha, uma escritora brasileira que vive na Itália. A Tânia é catarinense com raízes em Anitapolis. Após uma troca de mensagens sobre a situação da jazida de fosfato em Anitapolis, ela perguntou se eu tinha algum fato para colocar a ela que pudesse ser passado a uma roda de jornalistas internacionais. Isto tudo devido ao fato que até o momento só temos lido matérias sobre as vantagens e nada sobre os riscos e desvantagens exploração do fosfato em Anitápolis.

Pois o fato é que existe um processo em andamento nos órgãos estaduais e federais ambientais para a obtenção do licenciamento para a exploração da jazida de fosfato em Anitapolis. Investidores estrangeiros compraram a jazida de fosfato do Grupo Adubos Trevo recentemente. Os investidores estrangeiros são constituídos pela Bunge (EUA) e pelo grupo Yara (Noruega).

Como já foi dito aqui em outros ensaios os investidores oferecem oportunidades de empregos como uma das maiores vantagens. O fosfato obtido na jazida seria utilizado no sul do Brasil e para a exportação. Dai que a geração de empregos e a exportação de bens são dois itens de grande peso em uma negociação destas, ainda mais quando a cidade onde o empreendimento está destinado em um perfil como o de Anitapolis. E que perfil seria o de Anitapolis? O de uma cidade pobre e sem opções.

Olhando o projeto da exploração mais de perto, observa-se alguns pontos que precisamos discutir em uma audiência maior. Com certeza a produção de fosfato é importante, como também o é uma analise da relação custo beneficio a longo prazo. Os investidores estimam uma vida útil desta jazida de cerca de 30 anos, onde está prevista a extração de 1 milhão de toneladas de minério anual. Convém aqui mencionar que a oferta de empregos tem desta forma a durabilidade de 30 anos.

O projeto prevê a produção de acido sulfúrico para o processamento do fosfato em uma fabrica sediada no Rio do Pinheiro (local da jazida de fosfato). Precisa-se mencionar que a produção de acido sulfúrico emite gás sulfúrico. O gás sulfúrico gera chuvas ácidas. Será que a chuva acida seria de alguma importância em um local ermo como o Rio do Pinheiro?

Nao podemos esquecer que a cidade de Anitapolis está situada a cerca de 10 quilometros da jazida de fosfato e o seu abastecimento de água potável é obtido em um rio que nasce atrás das encostas da jazida de fosfato. Em outras palavras, o rio que abastece Anitapolis corre risco de acidificação de sua bacia com os efeitos da chuva acida.

Estaria eu sendo um advogado do diabo? O fato é que quando o homem tenta ser deus na natureza afirmando que apos todos os procedimentos descritos para a exploração do fosfato acaba sendo possuído pelo diabo e as catástrofes acontecem. Exemplos próximos? Região carbonífera catarinense onde seus rios estão seriamente comprometidos e a população sofrendo com os custos de saúde publica acarretados pelos mineiros doentes e inválidos aos 40 anos. Exemplos distantes? Os estados de Idaho e Florida nos EUA.

Estes pontos descritos não são fatos, mas são os risco que corremos caso o projeto do Fosfato em Anitapolis for aprovado.

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