Seria salutar uma discussão sobre o texto apresentado no site do Projeto Antápolis onde estão delineados os impactos da mineração do fosfato em Anitápolis. Convém chamar a atenção dos amigos leitores quanto a insistencia dos mentores do projeto em manter esses impatos reduzidos apenas a região do Rio Pinheiro e Anitapolis. Segundo eles:
Os principais impactos são de dois tipos: sobre o ambiente natural e sobre a comunidade.
Eles começam falando que irão desmatar as encostas e interceptar o rio para a construção da barragem de rejeitos. Eles estão admitindo nesse momento que irão violar a legislação federal que não permite a destruição da mata atlantica em APP - àrea de preservação permanente. Isso levanta ainda a questão de como isso poderia ser autorizado? Estaria o órgao estadual do meio ambiente catarinense - FATMA quebrando a lei federal? Seria essa mais uma razão para a atual tentativa do governo estadual em adulterar o Código Ambiental do estado?
Continuando:
As comunidades também serão afetadas:
- em São Paulo dos Pinheiros e Rio Branco haverá aumento do tráfego de caminhões e um possível surgimento de comércios voltados para serviços aos caminhoneiros;
- os bairros de São Miguel e Ferrovia, em Lages também sofrerão impactos semelhantes, mas em menor escala porque o fluxo de caminhões será menor e Lages é dotada de maior rede de serviços;
- a sede de Anitápolis terá um aumento de população e da demanda por serviços públicos de educação, saúde, saneamento e transportes;
- durante o período de construção, haverá, num certo momento, mais de mil trabalhadores no canteiro de obras e embora muitos devam ser contratados na região, uma parte deles deve vir de fora;
- quando a mina for desativada, depois de trinta e três anos de funcionamento, ou mais, Anitápolis deverá encontrar outras alternativas econômicas.
Analisando esses ítens, gostaria de discutir alguns pontos:
Eles dizem que em São Paulo dos Pinheiros e Rio Branco haverá aumento do tráfego de caminhões e um possível surgimento de comércios voltados para serviços aos caminhoneiros. O engraçado é que eles apenas mencionam um aumento do tráfego de caminhões. Seriam quantos caminhões? Uma mineração desse porte estaria envolvendo centenas de camihões pesados diariamente descendo e subindo para a lavra pela SC 407 até a BR282 e BR 101 em direção a Lages e ao Porto de Imbituba. Esse volume de tráfego pesado causaria constantes danos e aumentaria imensamente riscos de acidentes que seriam de grande risco ambiental, uma vez que as cargas tranportadas seriam tóxicas, ainda mais considerando que a estrada SC407 corre ao longo de rios das cabeceiras do Rio Braço do Norte.
Os impactos são muito amenizados e subestimados nos demais itens, fazendo o leitor apenas visualizar os bens ao comercio local. O texto no site do Projeto Anitápolis faz uma tentativa muito esforçada para demonstrar que serão de grande utilidade ao municipio de Anitápolis.
Após a calamidade que ainda assola Santa Catarina, e considerando que Anitapolis está isolada devido a queda de barreiras ainda em decorrencia das chuvas ainda caindo no estado, esse projeto não pode ser aprovado. Se apenas com a chuvas a cidade de Anitapolis enfrenta sérios riscos, imaginem com o acumulo de lama, argila e rejeito nas encostas acima de 700 metros na Serra do Pinheiro? Imaginem o peso de lama, rejeito e demais detritos produzidos pela mineração? Isso tudo sem considerar os riscos embutidos na forma de elementos altamente tóxicos presentes em rejeitos de minareação. Imaginem esses regeitos e lama depositadas acima das barragens propostas. Imaginem os lagos com água contaminada pela lavra.Imaginem tudo isso em um cenario como o atual da calamidade em andamento. Imaginem as duas barragens de 80 metros de lama e rejeito sofrendo a ação de mais de 500 mm de água, ou os 800 mm de agúa da ultima chuva em Blumenau.
As chuvas atuais em uma mina como a proposta pelo Projeto Anitápolis provocaria um deslizamento de grandes proporções que afetaria, não apenas Anitapolis, mas todo o vale do Rio Braço do Norte. Teriamos milhares de vidas em risco e um prejuizo material na ordem de centenas de milhões de dolares.
Agora imaginem um deslizamento de grandes proporções carregado de lama tóxica correndo rio abaixo na direção de Tubarão.
Imaginem o impacto de uma avalanche de lama tóxica sobre o vale do Rio Braço do Norte. Se hoje o Porto de Itajai está causando um prejuizo às exportações de centenas de dolares, imaginem o impacto desse desastre na suinocultura, nas lavoura do arroz, na agricultura familiar que abastece as mesas de muitas cidades brasileiras.
Estaria o Projeto Anitápolis e a Bunge dispostas a correr esses riscos?
Será que uma empresa tão associada ao termo sustentabilidade estaria disposta a sujar o seu nome na lama de um desastre dessas proporções?
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