Wednesday, November 26, 2008

NÃO A FOSFATEIRA EM ANITÁPOLIS, PRECISAMOS DE RAZÕES?

A catástrofe que assolou Santa Catarina nesses últimos dias e que conquistou manchetes na mídia internacional deixou claro que tudo o que precisamos é mais segurança e menos riscos, fora os já existentes. Todos os moradores que foram atingidos pela catastrofe sabiam dos riscos que corriam ao escolher viver em cidades construidas em regiões montanhosas e nas baixadas. O Vale do Itajaí vem sendo desmatado desde a colonização alemã. O atual governador e sua equipe tentou modificar o Codigo Ambiental Catarinense para ser menos rigido em licenças para o uso de áreas florestadas, permitindo inclusive o desmatamento em regiões inclinadas. Isso foi feito mesmo sabendo da história de enchentes e tragedias de menor escala em Blumenau. A atual tragedia é considerada a maior no Brasil. A Defesa Civil de Santa Catarina registra até o momento 97 mortes devidas à catástrofe recente. Esse número tende a crescer a medida em que as buscas se intensifiquem. Nada irá reparar as perdas humanas. As perdas materiais já atingem cifras estratosféricas. Segundo a Defesa Civil, os prejuízos chegam a R$ 500 milhões. "Calculamos, por baixo, sem contar a parte econômica, turística e de infra-estrutura, o equivalente a R$ 500 milhões", afirmou o chefe da Defesa Civil, Márcio Luiz Alves.

Essa tragédia foi vividamente eternizada em inumeros videos. Imagens aterrorizadoras de massas de terra transformadas em lama descendo encostas a velocidades enormes e causando destruição.

O Presidente Lula observa aterrorizado a cena dantesca da miseria e sofrimento de milhares de moradores na região do Vale do Itajaí. O Governador Luiz Henrique pede ajuda imediata para as vítimas.

A tragédia foi potencializada pelas caracteristicas geográficas e geológicas no Vale do Itajai. Todos os avanços em engenharia nao foram suficientes para lidar com a enorme quantidade de chuva que transformou a terra em lama quase liquida, ou como o Governador Luiz Henrique disse criativamente "a terra está se derretendo como sorvete".

Isso tudo deve ser considerado uma dura lição que poderia ter sido imensamente maior caso o malfadado Projeto Anitápolis do Grupo Bunge/Yara estivesse em funcionamento em Anitápolis. O Rio do Pinheiro corre por um vale estreito que termina como um pqueno canion. O vale desce de uma encosta ingreme, atingindo o leito estreito que se afunila antes de atingir o Rio Braço do Norte. Pontes são destruidas frequentemente em Anitápolis após chuvaradas intensas. Caso já estivessem sobre o rio as duas barragens projetadas pelos engenheiros da Bunge, teriamos 2 barreiras de mais de 50 metros de rejeito sob o leito do rio. Cada uma dessas barragens estaria retendo lagos de considerável volume de água contaminada utilizada no processamento do fosfato. esa água seria filtrada por equipamentos modernos antes de atinfir o Rio Braço do Norte. Blumenao tem provado que a chuva forte é capaz de derreter a terra como sorvete. As duas barragens da Bunge seria construidas com rejeito, que é material sem importancia ao fosfato, mas que pode conter inumeros elementos de alta toxicidade. O desmoronamento dessas barragens devido as chuvas em uma situação como a que presenciamos, teria consequências avassaladoras. Cerca de 330 mil pessoas vivem abaixo de Anitápolis no vale do Rio Braço do Norte.

O desmoronamento das barragens do Projeto Anitápolis em uma chuvarada como a que aconteceu em Santa Catarina iria colocar em risco imediato as 3300 pessoas que moram no municipio. Os danos devido as chuvas colocaram Anitápolis em estado de emergência, conforme o site da Prefeitura.

O texto a seguir é de autoria da Prefeitura de Anitápolis:

Muitos danos ocorreram no município de Anitápolis devido as constantes chuvas, ocasionando deslizamento de barreiras e desmoronamentos de estradas onde. Praticamente todas as comunidades do interior do município estão isoladas, algumas famílias no centro estão desalojadas, ficando abrigadas em casas de parentes e amigos por morarem em encostas de morros, as plantações estão se acabando pois não resistem a tanta chuva, não há como evacuar a produção leiteira, em muitas comunidades do interior não se tem como chegar. As Aulas estão suspensas por tempo indeterminado nas Escolas Públicas: Municipal e Estadual por causa do transporte escolar que não está funcionando. O transporte rodoviário para os principais centros está interrompido. Os aviários também estão prejudicados, pois não pode sair os lotes de frango, e a ração esta sendo racionada.

Esse texto testemunha o ocorrido na recente chuvarada de novembro de 2008. Isso não é nada comparado ao que pode vi a acontecer com um possivel desmoronamento das barragens de rejeito no Rio Pinheiro. Imaginem toneladas de lama tóxica descendo vale do Braço do Norte abaixo, levando tudo por diante e nas milhares de vidas que iria sr ceifadas pelo acidente.

Provavelmente, os danos causados por um acidente desses não justificariam os tão alardeados ganhos com o Projeto Anitápolis.

Por isso devemos ser contra um projeto desses.

Se o fosfato é importante, não temos dúvidas, mas existem formas alternativas de se obter fosfato limpo e isento de contaminantes. Se a Bunge se diz tão defensora da sustentabilidade, que use a criatividade de seus tecnicos para buscar formas realmente sustentáveis de produção do fosfato. Elas existem. Custa caro? não seria viavel? As vidas em risco não tem preço.

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