Em janeiro deste ano fomos surpreendidos pelas noticias sobre a catástrofe ambiental causada por um deslizamento em uma mineração de bauxita com o rompimento da barragem de rejeito da Mineradora Rio Pombas Cataguases. O deslizamento do que a mídia chamou de barro inundou a cidade de Muriaé no Rio de Janeiro. Deslizamentos com material de rejeito de mineradoras podem conter uma gama muito grande de material potencialmente tóxico a saúde humana.
O Projeto Anitápolis está fundamentado na exploração da jazida de fosfato no Rio Pinheiro, sendo considerado pelo governador de Santa Catarina e seus assessores como o Eldorado de Anitapólis. A exploração da jazida de fosfato pela IFC – Industria Fosfateira Catarinense prevê a produção de milhares de toneladas de fosfato para a produção de fertilizantes que podem mover a agroindústria e a florescente industria do biocombustivel.
A produção do fosfato na jazida de Anitapolis prevê o acúmulo de uma barragem de rejeito que irá atingir 80 metros de altura sobre o nível do Rio Pinheiro – afluente do Rio Braço do Norte. O EIA – Estudo de Impacto Ambiental da IFC não especifica a composição química do rejeito gerado na formação do fosfato, mas estudos realizados nos Estados Unidos pela EPA – Environmental Protection Agency, em fosfateiras americanas similares as de Anitápolis chamam a atenção para os riscos de contaminação por radioatividade presente no fosfato e no rejeito das barragens.
O DNMP (Departamento Nacional de Produção Mineral) apresenta uma regulação quanto a deslizamentos e estabelece que: no caso de disposição de estéril ou rejeitos sobre drenagens, cursos d´água e nascentes, deve ser realizado estudo técnico que avalie o impacto sobre os recursos hídricos, tanto em quantidade quanto na qualidade da água.
Estudos desta ordem não foram encontrados no EIA da IFC.
O Projeto Anitápolis é muito elusivo na mídia, mas é ágil como um gato nos bastidores da política catarinense onde promove um lobby intenso para o licenciamento da exploração da jazida de fosfato.
Considerando que catástrofes ambientais ocasionadas por inclemência do tempo, como chuvaradas e tempestades que tem sido cada vez mais comuns no sul do Brasil, foram praticamente subestimadas na concepção do Projeto Anitápolis. Considerando que o rejeito nas barragens a serem construídas na fosfateira de Anitápolis estarão repletos com elementos radioativos, elementos traço, um deslizamento ocasionado por uma tempestade causará uma catástrofe ambiental de proporções dignas dos novos seriados do Discovery Channel.
Enquanto observamos a eficiência do lobby pró licenciamento para a exploração da jazida de fosfato em Anitápolis, nada vemos em termos de um projeto para evitar uma tragédia destas.
Parece que os nossos governantes estão mias interessados na produção do combustível para a agroindústria nacional e internacional do que na saúde e futuro dos moradores do Vale do Rio Braço do Norte.
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