Visitei outro dia o Alto Rio dos Pinheiros onde está a jazida de fosfato dormente que aguarda o licenciamento ambiental do Governo do Estado de Santa Catarina para ser comercialmente explorada. Uma companhia multinacional que produz alimentos a base do soja está prestes a concretizar seu plano estratégico de poder contar com fosfato para fertilizantes agrícolas próximo as lavouras do soja no oeste de Santa Catarina, paraná e Rio Grande do Sul.
Estimam-se pelas noticias propagadas pelos noticiários em Santa Catarina que serão gerados 700 empregos diretos e 2000 indiretos com a exploração da jazida de fosfato em Anitapolis. Estas noticias já deixam os leitores não informados mais calmos. Não sabemos se continuariam assim com o que está por vir que não foi noticiado.
A exploração de jazidas de fosfato em outros paises não e cercada de tanta alegria nos locais onde acontece a ação da extração do fosfato. Contaminação por metais pesados nos rios e lençol freatico, poluição do ar são geralmente associadas a estas atividades. São realmente atividades lucrativas, mas pesando os custos sociais os lucros são negativos devidos aos custos envolvidos com a saúde dos trabalhadores e dos moradores da região.
A região de Capivari de Baixo, onde esta situada a termoelétrica Jorge Lacerda é um dos locais com maior incidência de doenças respiratórias entre os moradores. Cerca de 7 quilos de chumbo são despejados no ar pela ação das chaminés da usina. Este chumbo é carregado pelo vento sul até a Grande Florianópolis e pelo vento nordeste ate a região de Criciúma. Enfim, um problema, aparentemente, local torna-se um transtorno regional.
Voltando ao fosfato e o suposto lucro advindo de sua exploração em Anitapolis. Já no inicio dos trâmites para a exploração desta jazida nos anos 70s, um numero considerável de moradores agricultores do Alto Vale do Rio dos Pinheiros foi desalojado pela compra da área por uma companhia gaúcha de fertilizantes. Devemos lembrar que o empreendimento já começou gerando êxodo rural e desemprego. Inúmeras das famílias que viviam da agricultura no Vale do Rio dos Pinheiros em Anitapolis, hoje vivem em casebres em Santo Amaro da Imperatriz, Palhoça e Florianópolis.
Anitapolis passou por um período muito difícil com a situação do êxodo rural e do empobrecimento de sua população.
O Rio Braço do Norte nasce 30 quilometros acima do Rio dos Pinheiros em Rancho Queimado. Desce as serras com águas limpas e ira contribuir para a economia agrícola dos municípios rio abaixo. Entre estes temos Santa Rosa de Lima que e um modelo nacional de desenvolvimento sustentável pela sua agroecologia. Milhares de famílias vivem dignamente da terra produzindo produtos orgânicos saudáveis que são consumidos na Grande Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre. Alem da agricultura, moradores da região iniciaram o trabalho com o turismo rural, contando com inúmeras pousadas e empregando um contingente considerável de trabalhadores.
A tentativa da exploração da jazida de fosfato vem com a promessa da geração de empregos, mas seria mais honesto que a população fosse informada dos custos reais. Empegos novos, contaminação por metais pesados, poluição do ar e dos rios em troca de todo um sistema produtivo de baixo impacto ambiental em andamento em Santa Rosa da Lima. Seria isto justo?
1 comment:
Oi Jorge, parabéns pelo teu blog. Está muito bom como veículo de informação e questionamento. Sempre dou uma passadinha aqui...
Abração!
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